– “Passadas as fortes emoções do primeiro turno das eleições municipais, o setor elétrico é pura expectativa, com altas doses de adrenalina. Tudo por conta dos debates envolvendo o MME (Ministério de Minas e Energia), Aneel (Agência Nacional o de Energia Elétrica) e Âmbar Energia em torno do destino do controle da distribuidora Amazonas Energia.

O órgão regulador deveria apresentar um posicionamento conclusivo sobre o caso durante a reunião extraordinária marcada para esta terça-feira, a partir das 10h (o que não aconteceu, pois o item único que tratava da transferência de controle da Amazonas Energia foi retirado de pauta pelo relator, o diretor Fernando Mosna).

Enquanto isso, a situação hídrica do país continua inspirando muitos cuidados. A ANA aprovou uma Declaração de Situação Crítica de Escassez dos Recursos Hídricos no trecho do rio Xingu, lá onde funciona a hidrelétrica de Belo Monte, que nos últimos meses vinha dando uma baita força ao equilíbrio do SIN (Sistema Interligado Nacional).

Esse quadro, associado às demais condições climáticas, faz com que a cotação do PLD (Preço da Liquidação das Diferenças), valor de referência para os contratos no mercado livre, fique acima de R$ 400/MWh até o final do ano.

Falando agora de coisa boa, a reunião de quase uma semana do Grupo de Trabalho Transições Energéticas do G20, em Foz do Iguaçu, terminou com saldo positivo para o Brasil. Houve consenso em torno de várias decisões, reforçando a candidatura do país ao posto de líder mundial nessa área.

Alexandre Canazio

Editor-chefe do Canal Energia

– O suspense em torno da saga da usina nuclear Angra 3, cujas obras foram iniciadas na década de 80 e seguem inacabadas até hoje, pode, finalmente, estar chegando perto de uma solução. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) concluiu e divulgou o estudo que dará ao governo federal os subsídios necessários para desmontar ou concluir o empreendimento.

Então, se a ideia for continuar a construção, o investimento necessário será da ordem de R$ 23 bilhões. Caso contrário, serão necessários R$ 21 bilhões para desmontar tudo e deixar para as calendas os cerca de R$ 12 bilhões investidos ao longo de mais de 30 anos de stop-and-go que marcou o processo.

– Enquanto o mundo está num sufoco só, ante o risco de uma disparada dos preços do petróleo, caso o conflito no Oriente Médio se agrave ainda mais. Aqui no Brasil, pelo menos, segue um esforço para avançar a transição energética. O presidente Lula aprovou a Lei nº 14.990/2024, que trata do programa de desenvolvimento do hidrogênio de baixa emissão de carbono (PHBC). A previsão é conceder até R$ 18,3 bilhões em créditos fiscais na comercialização do ‘queridinho’ da transição para uma economia de baixo carbono.

Outra ótima notícia nessa área é que o Plano de Aceleração da Transição Energética, mais conhecido como Paten, deve ter seu relatório aprovado no Senado ainda este mês, no mais tardar em novembro. Chegou a hora de mostrar para o mundo inteiro que o verde da bandeira nacional também é de energia limpa!  

– Que estamos sob a égide da bandeira vermelha patamar 2 na conta de luz, (…) todos já sabem. Mas essa situação está ‘sob júdice’, o ministro de Minas e Energia, Alexandre da Silveira, enviou ofício à Aneel pedindo que o órgão regulador avalie a possibilidade de utilizar o saldo da conta das bandeiras tarifárias para quem sabe, mitigar a cobrança de adicionais tarifários. A verificação envolve, inclusive, o mês de outubro, o que pode alterar o acionamento da bandeira vermelha.

– Mas nem só de expectativas e roer de unhas vive o setor de energia no Brasil. Pelo contrário, também temos boas novas para dar e vender. Mesmo com a seca bíblica que assola a Amazônia, a Norte Energia, controladora da hidrelétrica Belo Monte, encerrou o primeiro semestre de 2024 como a maior vendedora de energia. Além disso, pode faltar água, mas não falta energia. A matriz elétrica brasileira cresceu 7,8 GW em 2024, com destaque, claro, para as centrais eólicas e solares. Outro ponto positivo é que a Petrobras e a Itaipu Binacional, empresas campeãs em cada um dos seus quadrados, resolveram unir expertises para trabalhar juntas em inovações tecnológicas. Uma parceria “ganha-ganha”, sem dúvida.

– Tem gente por aí que não aprende. Mais dia, menos dia, surge alguém que, vez ou outra, tenta falsear os leilões do governo. Mas sem sucesso, óbvio. A Aneel, ao longo do tempo, vai tampando brechas nas regras num aperfeiçoamento contínuo dos processos. Quem levou a pior por esses dias foi a empreiteira Steelcons. Acabou multada em mais de R$ 247 milhões por fraudes no balanço patrimonial apresentado à época dos Leilões de Reserva n 9/215, nº 4/2017 e nº 1/2018. A empresa chegou a falsificar dados em documentos que são usados para habilitação nos certames. Além disso, a empresa punida não poderá participar de licitações por dos anos. Coisa feia.

– Ainda na nossa vibe da transição energética, temos notícias bem positivas vindas de Foz do Iguaçu. Os ministros do Clean Energy Ministerial (CEM) e da Mission Innovation (MI), aprovaram uma declaração conjunta. Ficou acertado o apoio aos esforços para triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a taxa média global anual de melhorias na eficiência energética até 2030. O documento foi divulgado após o fechamento da semana de reuniões do Grupo de Trabalho Transições Energéticas do G20. Também ficou resolvido impulsionar tecnologias de emissão zero e de baixa emissão até o fim da década. Entre elas, as de redução e remoção de gases de efeito estufa. O MME é o coordenador do grupo de trabalho. A reunião de Foz foi a última no contexto de diálogo de alto nível com o tema “Buscando consenso sobre avaliações e estruturas de sustentabilidade baseadas em desempenho.”

Fonte: Volts By CanalEnergia

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