– “Sempre de olho nos reservatórios das usinas hidrelétricas, nuvens de chuva nos céus do Brasil eram bem vistas pela lente do setor elétrico nacional. De uns tempos pra cá, no entanto, elas também são um sinal de perigo iminente. Em especial para as companhias de distribuição e de transmissão. Prejuízos históricos, mega interrupções de energia e consumidores irritados vêm tirando o sono de técnicos e CEOs das companhias. O verão se aproxima e a tensão aumenta. Principalmente ante o início da temporada de renovação de contratos de concessão. O MME (Ministério de Minas e Energia) revisou as regras e avisou que não vai dar colher de sopa pra ninguém. (…). O foco dos debates agora é o custo de adaptação ao novo normal dos eventos climáticos extremos. (…). A boa notícia é que ninguém está de braços cruzados. No governo, por exemplo, há o chamado Plano Clima. Coube ao MME construir uma proposta do que seria o plano de adaptação para o setor de energia, que deverá ser apresentado em workshop ainda sem previsão de data. (…)”

– “Com a ROG (Rio Oil & Gás) o energético da vez foi o gás natural. Rebatizada com o nome, mas aderente à realidade tecnológica atual, a antiga Rio Oil & Gás dedicou boa parte da sua programação a esse assunto. Todo mundo querendo saber quando o produto vai ficar mais disponível e com precinhos mais camaradas. Em resposta, o MME anunciou que instituiu um comitê exclusivo para monitorar mais de perto esse tema. (…). A propósito de previsibilidade, conceito muito caro aos investidores do setor elétrico, a diretoria da Aneel passou a régua na sua agenda regulatória do biênio 2024/2025. Houve uma atualização e a notícia, não tão boa, é que quatro atividades que deveriam ter sido liquidadas ainda em 2024, acabaram escorregando para o ano que vem. (…)”

– “Os investidores do setor elétrico nacional apreciam demais o atributo da previsibilidade. Na área de transmissão, pelo menos, parece não haver problemas quanto a isso. O MME publicou a Portaria nº 85/MME/GM que estabelece o novo cronograma para a realização de leilões de transmissão nos anos de 2025 e 2026. Estão programados três pregões no total, sendo que em 2025 será realizado apenas um, no mês de outubro. Já em 2026, os certames devem ocorrer nos meses de abril e outubro.”

– “Ainda com foco em transmissão, a semana que passou não foi muito boa para o segmento. Problemas nas redes resultaram em cortes de energia nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. As ocorrências de maior gravidade foram registradas no Mato Grosso. Houve quedas de torres nos dias 25 e 26. E olha que mal acabamos d ingressar na Primavera, o que reforça a percepção de que o calendário tradicional não faz mais o menor sentido quando se trata de eventos climáticos extremos.

– “Passo a passo, mercado e governo se movimentam para tentar deslanchar, de uma vez por todas, oferta e consumo de gás natural. Há muitas arestas a resolver, começando pelas trombadas entre as legislações estaduais e a federal. Pois é, além da formação de um comitê de monitoramento do setor, que o governo acaba de anunciar há mais sinais importantes acontecendo. Caso, por exemplo de um gasoduto argentino cuja reversão deve ser concluída em outubro. E o que tem isso tem a ver com o Brasil? Essa manobra vai possibilitar que o suprimento do país vizinho chegue aqui, via Bolívia. Em outra frente, a Petrobras busca colocar mais produto no menor prazo possível na costa brasileira. Para atingir essa meta, a companhia conta com o rejuvenescimento do campo de roncador. Ali há um poço fechado capaz de produzir 1,7 milhão de m3 de gás. Tudo muito bom, só que os especialistas ainda estão muito preocupados com aquele decreto do governo, de agosto último, que parece até querer baixar na marra o preço do gás natural. Tem a ver, entre outros pontos, com a meta de reduzir os volumes injetados em poços de petróleo, política que tem deixado de cabelo em pé os CEOS de petroleiras. A maioria dos equipamentos de O&G em operação no Brasil não prestam a essa finalidade. Resumo da ópera: as companhias vão ter que colocar a mão no bolso para se adaptarem a essa nova realidade.”

– O intercâmbio está na moda. (…). A bola da vez é fechar negócios de exportação e importação de energia interruptível com Argentina e Uruguai. Nos últimos meses, o MME (Ministério de Minas e Energia) vem aprovando de baciada o ingresso de empresas interessadas em atuar nesse segmento. Só na última semana, receberam sinal verde do governo a Eneva, Lightcom, Principal e Diamante. Detalhe: a Eneva, em especial, quer transacionar com a Venezuela, cuja principal linha de interligação com o Brasil – via Roraima – historicamente não tem apresentado performance razoável. Outra companhia que pediu essa mesma permissão foi Âmbar Energia. Há uma aposta, portanto, numa eventual futura normalização técnica. Segundo especialistas, um dos principais fatores que vem atraindo as empresas para esse nicho tem a ver com o mercado livre. Ou seja, envolve ganhos de arbitragem em torno da diferença de preços entre os países participantes.”

– O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, que é a prévia da inflação do mês aumentou e bateu em 0,13% no mês passado. O resultado foi até mais baixo do que o de agosto (0,19%). Ocorre que o período ficou marcado pela adoção da bandeira vermelha patamar 1, após meses de sinalização verde. Para outubro, ainda dá pra colocar fé num recuo da inflação. É que a Aneel subiu o tom rubro e elevou ao patamar 2 esse adicional às contas de luz.”

Fonte: Volts – By CanalEnergia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *